Investindo em ações e recebendo dividendos

12/05/2021

Investindo em ações e recebendo dividendos

A maior parte das pessoas que se interessam por aprender a investir, se deparam, normalmente no início dos estudos, com uma ideia simples e interessante: comprar pedaços de empresas ou imóveis com o intuito de receber rendimentos ao longo do ano visando ter um montante médio mensal suficiente para pagar todas as despesas, alcançando, dessa forma, o status intitulado no Mercado Financeiro de Independência Financeira. Partindo disso, pretendemos, com essa publicação, esclarecer o que são dividendos, quais são suas modalidades e o que levar em consideração ao estruturar uma carteira de investimentos com o objetivo de gerar renda periódica.

Mas, então, o que são dividendos?

Pensando em uma perspectiva maior, podemos entender os dividendos como uma espécie de rendimento, ou seja, dentro desse grupo, existem uma série de modalidades de remuneração incluídas, tais quais os dividendos que estamos estudando, os rendimentos de Fundos Imobiliários, os cupons dos ativos de Renda Fixa, entre alguns outros. Dessa forma, o dividendo é a forma pela qual qualquer empresa remunera seus investidores.

Para ficar mais claro, vamos a um exemplo: imagine que a Petrobrás tenha lucro de 10 bilhões de reais em 2021 e decida distribuir 70% aos seus acionistas dado que ela não tem necessidade de permanecer com esses recursos para investimentos futuros ou outra ação. Dessa forma, ela irá distribuir dividendos no valor de 7 bilhões de reais, os quais, após divididos igualmente entre a quantidade de ações disponíveis, irão ser pagas para cada investidor. Em resumo, ao ter uma ação e a empresa dar lucro, a forma de transferir parte desse lucro para seus acionistas é por meio dos dividendos.

Há outras formas de uma empresa remunerar seus acionistas?

 Essa é uma ótima pergunta! Atualmente, podemos dizer que existem outras duas principais e corriqueiras formas de remunerar os investidores sem ser por meio de dividendos. Iremos abordar cada uma delas com mais detalhes abaixo.

Bonificação: nessa modalidade, a empresa, ao invés de depositar dinheiro na conta do investidor, ela entrega mais ações da própria empresa ao acionista. Portanto, o cálculo feito para saber quanto o investidor receberá de bonificação é sobre a quantidade de ações que ele possui no momento anunciado pela empresa. Um exemplo simples seria pensar que o Bradesco informou que irá pagar uma bonificação de 3 ações a cada 1 ação que o investidor tiver. Dessa forma, caso ele possua 1.000 ações da companhia hoje, quando a operação for finalizada, a quantidade final de ações será de 4.000 ações, dado que ele irá receber mais 3.000 ações.

Juros sobre capital próprio (JSCP): nessa modalidade, diferentemente da bonificação, a empresa irá creditar o valor na conta do investidor. Mas, neste momento, pode surgir uma pergunta importante: então qual a diferença entre os dividendos e os JSCPs? Realmente, eles têm algo em comum, porém existe uma diferença muito relevante: o primeiro (dividendo) é isento de Imposto de Renda, mas o último (JSCP) não. Dessa forma, caso a empresa pague 100 reais de JSCP para o investidor, ele receberá somente 85 reais, dado que há uma tributação na fonte de 15%. Com isso, há uma vantagem para as empresas que é a possibilidade de deduzir esse valor pago de IR sobre os Juros sobre Capital Próprio dos valores a pagar de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.

Agora que sei como uma empresa pode me remunerar, o que devo levar em consideração para montar uma carteira de investimentos visando renda?

Como já explicado, para se ter renda recorrente, o investidor pode se apropriar de diversos instrumentos do mercado financeiro, tais quais ações, como comentado aqui, fundos imobiliários, debêntures, títulos públicos, entre tantos outros. No caso específico dessa pergunta, pressupondo que estamos tomando como premissa que a carteira irá ser composta exclusivamente por ações de companhias abertas negociadas em bolsa de valores, iremos listar abaixo alguns pontos de atenção:

Atentar-se à saúde da empresa e às métricas de retorno. Nossa sugestão é sempre buscar empresas com posição estratégica nos seus mercados, ótima saúde financeira e com boa capacidade futura de continuar pagando dividendos interessantes.

Entender as perspectivas da companhia e para onde tende a ir o lucro. Dessa forma, se evita encarteirar uma empresa que vem pagando rendimentos altos, porém que deixará de assim fazer daqui alguns meses ou anos.

Saber com qual frequência acontecem os pagamentos. Como comentamos, cada empresa distribui seus lucros de forma diferente ao longo do tempo. Dessa forma, encontramos companhias que pagam todos os meses, outras a cada seis meses e, além dessas, algumas tantas anualmente. Portanto, é importante entender como o fluxo de pagamento dos rendimentos irá impactar no planejamento financeiro do investidor.

Investir de forma diversificada. Ao fazer isso, diversos riscos são mitigados, além de, potencialmente, diminuir a variação que a carteira terá dia a dia. Dessa forma, definir percentuais máximos por empresas ou setores pode ser uma forma de limitar os riscos e potencializar a renda, evitando ter que se preocupar com a diminuição de dividendos em um ano de uma empresa específica, dado que o investidor terá outras que irão supri-lo bem.

Por fim, como saber quanto vou receber de dividendos e qual o retorno que obtive com o investimento?

É bastante simples calcular o quanto será recebido de dividendos em determinado período de determinada empresa, basta multiplicar a quantidade de ações que o investidor tem, pelo valor anunciado. Vamos a um exemplo: suponhamos que um acionista de Banco do Brasil tenha 10.000 ações, sendo que a empresa divulgou que irá pagar 1 real por cada ação que o investidor tiver referente ao ano de 2020. Nesse caso, o acionista em questão irá receber 10.000 reais à título de dividendos.

Partindo disso, ele poderia se questionar: mas quanto eu recebi percentualmente? Ou melhor, estou fazendo um bom investimento? A resposta pode ser obtida, inicialmente, por meio de um índice bastante conhecido: o Dividend Yield. O que seria isso? É a razão entre o quanto foi pago de rendimentos e o valor de mercado da ação.

Tomando como exemplo esse caso, vamos fazer uma nova suposição de que as ações do Banco do Brasil estão sendo negociadas a 10 reais na bolsa de valores.  Dessa forma, para calcularmos o Dividend Yield (DY), bastaria dividir o 1 real pago pelos 10 reais que é o preço da ação a mercado, resultando em um DY de 10% a.a. Para sabermos se foi um bom pagamento, podemos, de forma simplificada, comparar esse valor resultante com o quanto as outras empresas estão pagando. Caso o DY pago pelo Banco do Brasil seja maior que o dos outros bancos, podemos entender que o investimento continua atrativo, porém, caso tenha um outro banco com semelhante saúde financeira e perspectiva pagando 30% a.a., acreditamos que faria sentido a substituição da empresa em carteira pela que tem maior retorno.

Por fim, a título de informação, os dividendos pagos pela empresa são descontados do valor de mercado, então, no caso do exemplo anterior, no momento em que o Banco do Brasil pagar os 1 real de dividendo por ação, a ação será ajustada para custar 9 reais na bolsa de valores.

Depois de tanta informação, gostaríamos de avisar que, a qualquer momento, caso você precise de ajuda ou tenha a intenção de delegar a gestão da sua carteira para gestores profissionais, estamos à disposição. Esperamos que tenha ficado um pouco mais claro o que são dividendos e qualquer dúvida, fique à vontade para nos contatar em um dos nossos canais informados abaixo. Até a próxima leitura!

Assuntos relacionados

× Como posso te ajudar?