Segurança como fator influenciador das eleições brasileiras em 2026
A segurança pública voltou ao centro do debate nacional com uma intensidade inédita. A mais recente edição da Latam Pulse, iniciativa conjunta entre AtlasIntel e Bloomberg, reforça esse movimento. A pesquisa, realizada entre 22 e 27 de novembro de 2025 com 5.510 entrevistados, confirma uma tendência que também avança em outros países da América Latina: a crescente sensação de insegurança está influenciando a opinião pública e as expectativas para o futuro.
Os entrevistados foram questionados sobre quais os maiores problemas do Brasil, e a maioria, 63%, elegeu a criminalidade e o tráfico de drogas como os principais problemas.

À medida que o debate sobre segurança pública ganha força e se consolida nos próximos meses, diversos economistas e estrategistas políticos apontam que o tema tende a exercer influência direta sobre o comportamento do eleitor em 2026, tornando-se um dos eixos determinantes da disputa eleitoral.
Essa percepção crescente de insegurança, no entanto, não se limita à esfera política. Ela também afeta decisões econômicas, padrões de migração interna, investimentos e dinâmicas regionais, fatores que, por sua vez, retroalimentam o ambiente eleitoral.
Estados mais seguros: segurança passa a influenciar decisões econômicas
A discussão sobre segurança pública também revela contrastes regionais que ajudam a contextualizar o cenário político. O Anuário Cidades Mais Seguras do Brasil, elaborado pela MySide com base nos dados do IBGE e do Ministério da Saúde, evidencia essa assimetria.
Santa Catarina, com 8,6 homicídios a cada 100 mil habitantes, figura como o estado mais seguro do país, seguido por São Paulo e Distrito Federal. Esses territórios vêm registrando maior dinamismo econômico, avanço do mercado imobiliário, aumento do fluxo migratório e maior entrada de investimentos privados. Regiões percebidas como estáveis e seguras oferecem menor risco, maior previsibilidade e ambientes favoráveis ao desenvolvimento.

Essa relação direta entre segurança e atividade econômica é especialmente nítida no mercado imobiliário. Segundo Caio Cezar de Carvalho, sócio e coordenador de Gestão de Negócios Imobiliários da Lidderar, empresa filiada à SOMMA Investimentos, quando a criminalidade aumenta, compradores e inquilinos tendem a pagar menos e a demorar mais para fechar negócio, o que reduz preços, liquidez e pode pressionar a rentabilidade líquida dos ativos. “Estudos internacionais já sinalizaram que a segurança é, de fato, ‘precificada’ no valor do metro quadrado”, destaca.
Ele reforça que, em Santa Catarina, o fator segurança tem impulsionado o mercado imobiliário principalmente por três motivos:
Aumento da demanda qualificada: famílias e profissionais escolhem onde morar considerando risco e qualidade de vida, o que sustenta preços e reduz o tempo de venda;
Redução do prêmio de risco do investidor: menor probabilidade de vacância, inadimplência e deterioração do ativo, aumentando a previsibilidade do fluxo de aluguel e a liquidez;
Diminuição de custos indiretos: gastos menores com seguros, manutenção por vandalismo e estruturas adicionais de vigilância, o que melhora a rentabilidade líquida.
De acordo com Caio, esse movimento é coerente com os dados. “Santa Catarina figura como o estado mais seguro do país e, em paralelo, concentra algumas das cidades com maior preço médio do metro quadrado no ranking do FipeZAP, como Balneário Camboriú, Itapema, Itajaí e Florianópolis. Isso indica que o mercado imobiliário precifica não apenas atratividade, mas também a menor percepção de risco.”
Estados com melhores indicadores tendem a apresentar ciclos de valorização mais consistentes, velocidade superior de vendas e expansão contínua de novos lançamentos, especialmente em cidades que se consolidam como novos polos de qualidade de vida.
Em um momento em que a criminalidade domina o debate público, esses atributos passam a ter ainda mais peso para famílias e investidores.
A combinação entre preocupação crescente com a segurança, diferenças marcantes entre os estados e efeitos econômicos diretos cria um ambiente em que o tema deve exercer influência significativa nas Eleições de 2026. A segurança pública não se limita a um debate social: ela afeta decisões econômicas, orienta percepções de estabilidade e pode redefinir prioridades para governos e eleitores.
À medida que o país se aproxima do próximo ciclo eleitoral, regiões que combinam boa gestão, estabilidade e avanços concretos tendem a ganhar destaque, tanto no debate público quanto nas expectativas sobre o futuro do Brasil.

